Gustav Radbruch nasceu em Lubec, em 21 de novembro de 1878. Cursou os primeiros semestres da universidade na faculdade de direito de Leipzig, terminando o curso em Berlim, onde frequentou em Filosofia do Direito o seminário de Rudolf Stammler e em Direito Penal os de Franz von Liszt. formou-se em direito penal em 1902 com uma dissertação sobre a doutrina da causalidade adequada. foi por poucos anos magistrado em Berlim e em Lubec e em 1905 a venia legendi para direito penal, processual e filosofia do direito na faculdade de direito de Heidelberg, onde ensinou inicialmente direito processual penal e civil, além de direito penal, e dedicou-se desde então, sobre o impulso de Karl von Lilienthal, aos estudos pela reforma do código penal alemão. em 1910 publicou introdução à Ciência do Direito e em 1914a primeira edição de Filosofia do Direito. Nos primeiros anos da primeira guerra mundial, Radbruch foi convidado a assumir a Cátedra de direito penal de Königsberg, mas parte como voluntário da Cruz Vermelha. depois de um certo período em hospitais, parte parar o front como combatente, sendo condecorado e promovido a oficial.

Assim que retorna a Alemanha, é chamado em dezembro de 1918 a Universidade de Kiel como professor ordinário, e se dedicou profundamente aos estudos dos problemas sociais, torando-se militante ativo do partido socialista democrático e organizador da juventude socialista. Deputado do Reichstag em 1920, foi nomeado ministro da justiça em outubro de 1921 no segundo gabinete presidido pelo Chanceler Wirth. Atendeu ao trabalho de uma reforma legislativa, produzindo textos especialmente fecundos no campo do direito da infância e juventude, da proteção dos filhos ilegítimos, da habitação e do sistema judiciário. Consegue a aprovação no parlamento, superando uma fortíssima resistência, o ingresso de mulheres na magistratura. em outubro de 1922 consegue apresentar ao Conselho dos ministros, depois de vinte anos de trabalho, o projeto de um novo código penal. Mas o gabinete de Wirth se desmancha e Radbruch retorna a sua Cátedra em Kiel. anos depois, em 1952, seu projeto foi publicado pelo Ministério da Justiça, sob os cuidados de Eberhard Schmidt.

Em abril de 1923 foi novamente nomeado Ministro da Justiça, mas deixou o ministério pouco depois de dois anos. Pela terceira vez convocado ao cargo em junho de 1928, recusou a oferta explicando que as duas atividades - pesquisa científica e a política - não eram conciliáveis e que a tarefa que sentia como sua era a primeira. prossegue seu trabalho científico, na filosofia do direito penal e no campo da ciência política e legislação social, seja nos anos em Kiel seja naqueles em Heidelberg, para onde retornou para a Cátedra de Filosofia do Direito em novembro de 1926.

logo após a subida ao poder do Nacional Socialismo foi afastado da sua Cátedra pela lei de 7 de abril de 1933 pela evidente incompatibilidade de sua personalidade e das suas idéias com o novo regime. Durante o Reich passará por outras humilhações, mas não deixará a Alemanha, exceto por uma estadia acadêmica em Oxford (1935-36), da qual surgirá a obra O espírito do Direito Inglês, que somente pode ser publicado depois da guerra. em 1939 perdeu em um acidente sua única filha Renata. O único filho, Anselmo, depois de três anos de guerra, dos quais um no front russo, morre em 1942 de um ferimento de batalha.

Em setembro de 1945 Radbruch retoma a sua Cátedra na faculdade de Heidelberg, da qual se torna o decano, e nos três anos que antecederam sua aposentadoria emprega toda sua restante energia a reconstrução da Universidade e dos cursos de direito, à educação dos jovens ao senso de responsabilidade, à democracia e aos estudos.

Em 23 de novembro de 1949, morre em Heidelberg.

(Texto retirado, em parte, do livro "Formula di Radbruch e Diritto Penale", de Giuliano Vassalli - Editora Giuffrè, 2001.)